Em 25 de setembro de 2010, envio um e-mail ao meu pai. Esse foi um ano conturbado para essa relação pai-filha - exagerei no valor das coisas, disse coisas das quais hoje me arrependo, fui grossa, ressentida e mal agradecida. Resolvi parar e refletir sobre a origem desses problemas, percebi que tinha me isolado tanto do mundo, da família, dos amigos, e me apeguei de forma nada saudável às pequenas coisas. Eu estava infeliz, e tentava encontrar algo que ainda me desse algum prazer.
Sou chorona, mas detesto derramar lágrimas em público. Guardo um mundo dentro de mim que eu dificilmente compartilho. Nesse já mencionado 25 de setembro senti a necessidade de abrir o jogo, justamente com a pessoa que eu considerava a causadora dos problemas. E numa resposta carinhosa e preocupada, mais uma vez me foi estendida a mão. E aí começou a saga da minha cirurgia.
Conversando ontem com um amigo com quem há muito tempo eu não falava, ele me elogiou e me perguntou o porquê de eu ter chegado até aqui, se desde que ele me conhece, em meados de 2004, eu sempre quis emagrecer. A verdade é que até a infelicidade tem seu lado bom, quando você consegue trabalhá-lo. A insatisfação traz consigo o desejo da mudança, e é a esse desejo que estou agarrada até o fim. Caminho para o meu nono mês pós-bariátrica, e parando para refletir eu vejo quantas mudanças aconteceram. Esse final de semana fui a uma loja que não frequentava desde que providenciei as roupas de dormir para a cirurgia. Me emocionei com isso, fiquei com um sorriso bobo, porque aí a ficha caiu. Mudei muito. Mudei para melhor. Sou uma mulher mais saudável física e psicologicamente; minha postura ao falar é outra, e autoconfiança - palavra antigamente conhecida porém não praticada - hoje é enorme. Antes todo o esforço físico que eu fazia era subir 2 andares de rampa na faculdade, e chegava sem ar. Hoje eu corro 1,2km na academia, por 8 minutos, além de outros exercícios aeróbicos e musculação. Oito minutos de cansaço, de pulmões em chama, e de prazer. São esses mesmos pulmões em chamas que gritam comigo: eu posso, eu consigo me superar!
Muita gente ainda olha torto quando eu digo que fiz a redução de estômago, perguntam se eu não fico deprimida por não poder comer como antes. Vejam só:
Antes - doente, infeliz, feia, empurrando a vida com uma grande barriga, trancafiada dentro de casa.
Agora - saudável, próximo de sair do sobrepeso para o peso normal, me sentindo linda e feliz, com disposição e vontade para tudo e saindo pelo menos duas vezes na semana para me divertir.
Façam as contas.
Sempre tive medos. Para praticamente tudo na vida eu antes colocava um "e se...". Uma pessoa muito querida já me disse, e agora eu ratifico: "medo é uma desculpa para não ser feliz, para não arriscar na possibilidade de errar. Quem tem medo não vive, deixa a vida passar, assistindo de camarote mas sem aproveitar nada." Se eu deixasse esse medo me dominar, não teria feito a cirurgia. E esse blog não existiria.
Obrigada, pai, mais uma vez. O coração fica apertadinho com a distância, mas só eu sei como eu sou grata por tudo o que você fez - e faz - por mim. Amo-te muito!
Mãe, obrigada por superar o medo junto comigo. E por, apesar dele, correr junto a mim em busca do meu objetivo. Te amo, minha pequenininha!
E @diego_v8, obrigada por me fazer lembrar da essência disso aqui. E por tanto incentivo em tão pouco tempo. =)
Beijos!
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